A alta de 0,95% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), registrada nos 30 dias encerrados na primeira metade de março, mostrou que as pressões inflacionárias estão mais fortes e disseminadas do que o previsto pelo mercado. Com isso, as apostas de um aperto monetário maior do Banco Central aumentam e as projeções de uma taxa básica de juros (Selic) mais elevada, acima de 13,50%, ganham força. Grandes bancos, como Credit Suisse, já passaram a projetar Selic de 14% no fim deste ano.
A alta do IPCA-15 de março foi a maior variação para o mês desde março de 2015, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A mediana das estimativas do mercado era de alta de 0,86%. No acumulado em 12 meses até março, o indicador avançou 10,79%, dado também acima da mediana das projeções dos agentes financeiros, de 10,67%.
Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic de 10,75% para 11,75% ao ano, e sinalizou nova alta de um ponto percentual na próxima reunião, em maio, para 12,75%. Mas, agora, com o IPCA-15 acima das projeções e bastante disseminado, é provável que um aperto maior do que o sinalizado ocorra, de acordo com a Capital Economics.
De acordo com dados do Itaú Unibanco, o IPCA de março deverá acelerar em relação à alta de 0,99% de fevereiro, passando para 1,31%. Para abril, o banco prevê avanço de 1,11% no indicador e, em maio, recuo de 0,26%. “Os próximos dois meses continuarão pressionados pelos reajustes recentes de gasolina, gás de botijão e diesel na refinaria pela Petrobras, considerando que o repasse tem sido mais alto e mais rápido para o consumidor. O pico da inflação deve ficar ligeiramente abaixo de 12% em abril. Esperamos alívio na leitura de maio, com mudança da bandeira de escassez hídrica para amarela”, destacaram as economistas do Itaú Julia Passabom e Luciana Rabelo.
Eduardo Velho, economista-chefe da JF Trust Gestora de Recursos, calcula um IPCA no fim do ano para algo em torno de 8%, “o que exigiria uma Selic também superior a 13,5%”. Segundo ele, “com Selic até 13,5%, o IPCA superaria 7% em 2022”, prevê o especialista. Pelos cálculos dele, há um teto para o IPCA de 7,32%, em 2022. “A Selic deveria atingir uma taxa superior à 13,75% para que a inflação não supere 7%”, avalia.